Proposta para um Novo Currículo de Engenharia Elétrica

A propósito das discussões correntes a respeito do currículo do curso de graduação em Engenharia Elétrica da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, em anexo pode-se encontrar a minha proposta para o curso de Engenharia Elétrica e para a ênfase Automação & Controle. Um documento interessante e relevante, produzido pelo Departamento de Engenharia Elétrica da Carnegie Mellon University, está disponível aqui.


    Ano Básico:

  1. Semestre
  2. Semestre

  3. Dois anos comuns do curso de Engenharia Elétrica:

  4. Semestre
  5. Semestre
  6. Semestre
  7. Semestre

  8. Quarto e quinto ano da ênfase Automação & Controle:

  9. Semestre
  10. Semestre
  11. Semestre
  12. Semestre

Disciplinas eletivas a serem oferecidas em Automação & Controle:

Entre todas as disciplinas acima, Controle Clássico deve ser obrigatória para todos os Engenheiros Eletricistas. As demais seriam eletivas, talvez com Controle Digital fortemente recomendada para algumas áreas.


Pontos principais da proposta

  1. Em cada semestre, um aluno deve cursar até cinco matérias, salvo casos excepcionais.
  2. Os laboratórios são integrados aos cursos, deixando de ser matérias independentes e com provas próprias.
  3. Há uma disciplina eletiva livre a cada semestre, que pode ser cursada entre as disciplinas oferecidas por qualquer unidade ou departamento da USP.
  4. Assuntos relevantes ausentes da lista de disciplinas obrigatórias em cada semestre podem ser cobertos através de disciplinas eletivas livres, disciplinas eletivas científicas (que podem incluir matérias em Engenharia, Física, Química, Matemática, Biologia etc.) e eletivas em Engenharia Elétrica.
  5. A opção pelo curso de Engenharia Elétrica deve ser feita ao final do primeiro ano, e deve ser livre para os alunos que tiverem completado o currículo do primeiro ano com média superior a uma nota de corte. Essa nota mínima (sugiro como valor inicial 7.0) deverá ser estabelecida pela Escola Politécnica no início do ano, para que os optantes possam cursar o primeiro ano sob regras claras e conhecidas. Sobrando vagas elas podem ficar disponíveis para os candidatos com médias inferiores, pela ordem de classificação.
  6. A opção pelas ênfases dentro do curso de Engenharia Elétrica deve ser feita ao final do terceiro ano, e deve seguir as mesmas regras da opção por Engenharia Elétrica, isto é, deve ser por nota de corte (que pode eventualmente ser ajustada, com suficiente antecedência, se o número de optantes por alguma especialidade crescer demasiadamente) e não por classificação.

Porque essa proposta deveria ser implementada?

  1. Atualmente o número de disciplinas e de horas em sala de aula é excessivo, prejudicando o aproveitamento.
  2. Os laboratórios parecem aos estudantes como desconexos da disciplina teórica associada, e às vezes até são.
  3. O currículo atual é muito especializado, enquanto os alunos carecem de uma formação generalista que pode e deve ser oferecida dentro da USP. Além disso, a qualidade dos ``cursos de serviço,'' oferecidos tanto por outras unidades da USP como pela própria Escola Politécnica, é notoriamente irregular. Torná-los eletivos criará uma saudável concorrência pelo interesse dos estudantes.
  4. O currículo atual é muito rígido, dificultando a acomodação de alunos com perfis e interesses diversos. A variedade de assuntos que são do interesse de um engenheiro elétrico é tal que é impossível e indesejável cobri-los todos em um curso de graduação. O currículo atual visa formar engenheiros projetistas em engenharia elétrica, frustrando desnecessáriamente os que desenvolvem uma carreira profissional em produção, manufatura, serviços, ou em atividades multidisciplinares.
  5. As duas formas já tentadas para o sistema de opções são problemáticas. A opção no vestibular é prematura, e a opção por classificação no primeiro ano cria o problemas dos ``florestas'' (excedentes). Continuando o descompasso entre o número de vagas oferecidas nas expecialidades e a demanda, a opção por nota pelo menos diminui a incerteza e angústia dos candidatos. Alguma variação do número de alunos de engenharia elétrica de ano para ano com certeza será tolerável para o corpo docente.
  6. O sistema de opções dentro da Engenharia Elétrica é detestado pelos alunos e torna o programa menos atraente para os candidatos, mesmo após o fim do sistemas de quotas (``reserva de mercado'' para opções menos procuradas).

Porque essa proposta provavelmente não vai ser implementada?

Este item foi deixado em branco intencionalmente.


Felipe M Pait, novembro 1997

http://www.lac.usp.br/~pait